1/29/2010

China mostra em Davos disposição de mudar a economia


A economia chinesa vai mudar e o crescimento dependerá mais do mercado interno, especialmente do consumo, disse ontem Li Keqiang, um dos vice-primeiros-ministros da China, num discurso no Fórum Econômico Mundial. "Faremos todo esforço para aumentar o emprego, aperfeiçoar a rede social de segurança, ajustar a distribuição de renda, elevar os ganhos dos grupos de renda baixa e média e para assegurar um continuado aumento dos gastos de consumo."

A crise internacional precipitou o início da mudança, de acordo com os números apresentados por Li Keqiang. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 8,7%. A demanda interna contribuiu com 12,6 pontos porcentuais, mais que compensando a perda de 3,9 pontos causada pela contração das exportações. O aumento da demanda interna foi formado por 8 pontos de investimento e 6 pontos de consumo.

As importações de bens totalizaram US$ 1,005 trilhão e o superávit comercial diminuiu US$ 100 bilhões em relação ao de 2008. Com aumento de US$ 380 bilhões (para cerca de US$ 4,4 trilhões de PIB), "a contribuição da China para a recuperação econômica mundial é óbvia", disse o ministro.

Além dessa contribuição, ele procurou mostrar o esforço de reestruturação da economia chinesa, a ampliação dos serviços sociais, com ênfase na assistência médica, e o compromisso chinês com a preservação ambiental. Mencionou o desenvolvimento de tecnologias poupadoras de energia e também o fechamento gradual de instalações industriais poluentes.

Os chineses participantes da reunião do Fórum Econômico Mundial - acadêmicos, dirigentes de empresas e autoridades - estão transmitindo em conjunto uma mensagem básica: a China está realizando as principais mudanças cobradas por seus parceiros ocidentais.

O modelo de crescimento do país está em mudança e ficará menos dependente de exportações. Isso combina com o novo comportamento, mais cauteloso, previsto para os consumidores americanos. Ao mesmo tempo, a demanda interna aumenta, com ênfase no consumo, e será coberta em parte por maiores importações.

As mudanças internas incluem maiores gastos sociais e maior cuidado com o ambiente. O governo chinês comprometeu-se a cortar cerca de 40% a 45% das emissões de CO 2 por unidade do PIB até 2020, tomando como base os números de 2005. Vários chineses bateram nesse ponto, em várias discussões, num esforço para mostrar o envolvimento do país com os objetivos discutidos na conferência de Copenhague sobre mudança climática.

Enquanto procuram demonstrar sua cidadania global, os chineses mantêm uma atitude modesta. Ultrapassaram a Alemanha no ano passado como potência exportadora número um e em breve podem tomar do Japão o posto de segunda maior economia, segundo projeções correntes. Mas sua renda nacional por habitante é menor que a de cem outros países, lembrou ontem o vice-primeiro-ministro, em duas ocasiões.

Num ponto importante os chineses não cedem: não vão mudar sua política de câmbio a curto prazo, apesar das pressões internacionais para o governo valorizar o yuan. Mas, ao mesmo tempo, defendem a abertura dos mercados e criticam o protecionismo - numa referência implícita à multiplicação de barreiras, em vários países, contra o ingresso de produtos da China. "O protecionismo apenas poderá exacerbar a crise econômica e retardar a recuperação, prejudicando os interesses dos países que o adotam", disse Li Keqiang, lembrando o efeito desse tipo de política na depressão da década de 1930.

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S.R.S