11/09/2010

Lula e Dilma querem compromisso do G-20 com câmbio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu chamar para si a responsabilidade de convocar os países que compõem as maiores economias do mundo para a busca de um compromisso com a política cambial


Envolvido até o momento com a campanha presidencial que elegeu Dilma Rousseff, a questão cambial vinha sendo discutida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, inclusive, anunciou ter tirado o véu da chamada guerra cambial, provocada pela desvalorização das moedas chinesa e norte-americana. Com o fim das eleições, Lula discute o tema, ao lado da presidente eleita Dilma Rousseff, na Reunião de Cúpula do G-20, que será realizada nesta quinta e sexta-feira na Coreia do Sul.

No programa Café com o Presidente, veiculado ontem pela manha, Lula reforçou que a desvalorização das moedas chinesa (yuan) e americana (dólar) está causando um desequilíbrio no comércio mundial. "E nós precisamos voltar a ter equilíbrio. Portanto, nós queremos discutir o compromisso de todos os países com a política cambial, que deixe o mundo confortável e todo mundo em igualdade de condições na disputa comercial", disse.

Ao citar China e Estados Unidos como os principais atores na questão do câmbio, Lula foi exatamente no ponto em que alguns analistas do mercado vem debatendo. Na avaliação dos especialistas, os dois países vem fingindo uma guerra cambial, mas a China é quem tem comprado grande parte dos dólares que o governo dos Estados Unidos tem emitido como forma de desvalorizar a sua moeda e reduzir o custo da dívida americana.

A China compra os títulos dos Estados Unidos em troca de exportar seus produtos para o mercado americano. Com os dólares "fumaça" que os chineses recebem dos EUA, eles tem comprado ativos reais em todo o mundo, inundando, principalmente os países emergentes, entre eles o Brasil, da moeda norte-americana, o que tem levado as moedas locais à valorização em relação ao dólar. Isso acaba desestimulando as exportações locais e estimulando as importações. Por isso a preocupação do governo brasileiro com o que o presidente Lula chama de "desequilíbrio no comércio mundial".

Lula disse ainda que ele e Dilma vão discutir também no G-20 a retomada do crescimento econômico, sobretudo nos Estados Unidos e na União Europeia.

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S.R.S